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A “Bomba Energética”

Existe uma relação entre as várias maneiras de respirar e o nosso comportamento e sentimentos. Quando respiramos fundo usando o tórax, o sangue fica rico em oxigénio (O2) e pobre em anidrido carbónico. Como consequência fica mais alcalino, e neste meio a hemoglobina, que transporta O2 dos pulmões para os tecidos fica ávida pelas suas moléculas. Existe assim grande quantidade de O2 nos pulmões e no sangue, mas pouco nos tecidos orgânicos, incluindo o cérebro e os músculos. Neste caso só funcionam os neurónios e as fibras musculares que não dependen de O2 (anaeróbicos) e que parecem ser aqueles que estão preparados para automatismo de emergência. Assim, o que despertamos com a hiperventilação são automatismos de emergência, uma vez que os neurónios de que depende a consciência e a memória explícita necessitam de O2 para funcionar.

Abreu, Pio J.L., “Como tornar-se doente mental”, Dom Quixote, 25ª edição, 2018.

Elogio da Anormalidade

Uma investigação do Departamento de Psicologia da Universidade de Yale afirma que a normalidade não existe. É apenas a média estatística de todas as posições humanas, daquilo que é mais frequente. Não há ninguém que se encaixe na média estatística em todos os parâmetros. O normal é estranho! Para muitos a normalidade é a violência.

Fazer as pazes com o Mundo

Toda a política dos decisores em relação ao Ensino Especial é baseada na ideia de que somos uma sociedade que cuida apenas dos coitadinhos. Puxar estas pessoas para a vida é promover a dignidade humana, e não indignidade humana, como muitas vezes acontece na Escola, onde muitos alunos com NEE têm unicamente uma experiência de exclusão, porque são lugares demasiado despersonalizados e desprovidos de valores. A principal ação é dar voz a estes alunos, que estão muitas vezes em sofrimento, e oferecer-lhes um escape à generosidade, às normas, que não têm alma. Temos de capacitar os alunos e acabar com a visão assistencialista.

Ética

Tem a ver com os princípios porque alguém se guia. Se seguir um que diga “eu não mato”, mesmo que o seu país lhe diga para matar, ele não mata. Transgride a ideia que lhe é exterior, mas não se está a transgredir a si, está a cumprir-se. Essencialmente devemos cumprir-nos a nós. Peter Singer, filósofo australiano, propõe como princípio ético prover ao mínimo sofrimento possível de todos os que sejam capazes de sentir dor. A questão não é, “serão eles capazes de raciocinar?”, nem “serão eles capazes de falar?”, mas sim “serão eles capazes de sofrer?”. Não se pode codificar porque é um domínio da responsabilidade e do compromisso. Assinar um código de ética é já estar a desconfiar de si próprio. Uma sociedade onde se instala a absoluta desconfiança nos outros, é uma sociedade doente.

A Pandemia da Moda

“Se o leitor quer ser doente mental à força (…) dirija-se de imediato a um psiquiatra (ou mesmo a um clínico geral) daqueles que demoram menos de 10 minutos por consulta.  (…) sai de lá com uma receita de antidepressivos e um diagnóstico de depressãotout court.  (…) Existem hoje no mercado dezenas de antidepressivos diferentes, os quais, naturalmente, têm de ser vendidos. (…) Ou seja,: você tem de ir várias vezes ao seu consultório buscar a receita, embora nunca fique melhor. (…) nunca vá a um psicólogo. Como ele não pode receitar comprimidos, até lhe podia ensinar qualquer uma das defesas que você não treinou.”

 “Como tornar-se doente mental”, J.L. Pio Abreu, 25ª edição, D. Quixote, 2018.

O mito das multitarefas

Não conseguimos realizar duas tarefas que exijam empenho ao mesmo tempo. No livro “Attention Span: A Groundbreaking Way to Restore Balance, Happiness and Productivity”, Gloria Mark, professora de informática na Universidade da Califórnia, Irvine, que estuda o impacto dos media digitais nas nossas vidas, conclui que tem havido um declínio na capacidade de concentração. Em 2004 0 nível de concentração média num ecrã durava dois minutos e trinta segundos; mais tarde o valor desceu para um minuto e 15 segundos; atualmente a média é de quarenta e sete segundos. Diminuiu drasticamente, e quando a atenção é desviada num trabalho que estamos a realizar, precisamos de 25 minutos para nos concentrarmos de novo na tarefa. Quando se muda a atenção o stress aumenta, assim como a pressão sanguínea. Quanto mais multitarefas as pessoas fazem, mais erros cometem. A pior tecnologia é o correio eletrónico, estudos encontraram correlação entre o e-mail e os níveis de stress elevados. Quando cortaram o correio eletrónico a alguns trabalhadores durante uma semana de trabalho verificaram que o stress diminuiu e a atenção aumentou.

A nossa capacidade de concentração está a diminuir, dizem os estudos. Eis como manter o foco – CNN Portugal (iol.pt)

Terapias de reabilitação de danos cerebrais com realidade virtual

Uma pessoa precisa de praticar a partir de dentro, com aprendizagem ou treino. Não sabemos como é que muitos neurónios juntos geram pensamento, e falar apenas sobre circuitos não resolve o problema. É possível modular a atividade cerebral, já se consegue fazer isso com álcool e drogas, mas agora, mas agora também é possível entrar num cérebro e manipular os neurónios. Os jogos que a empresa MindMaze criou para tratar AVC e outras doenças estão mais relacionados com o sistema motor. Pretendem criar comportamentos que permitam que os circuitos cerebrais latentes (a capacidade sempre esteve lá) do paciente substituam as áreas afetadas. Na realidade virtual a intensidade é maior e é possível praticar muito mais movimentos do que numa sessão de fisioterapia.

Teoria da hierarquia das Necessidades Humanas ou das Motivações Humanas

Abraham Maslow baseia-se na ideia de que cada ser humano esforça-se muito para satisfazer as suas necessidades pessoais e profissionais. É um esquema que apresenta uma divisão hierárquica em que as necessidades de nível mais baixo devem der satisfeitas antes das necessidades de nível mais alto. Depois de sabermos e podermos alimentar o estômago, decidimos sobre Estudar!

SuperAgers

Termo utilizado pelos investigadores da Northwestern para se referirem a uma pessoa com mais de 80 anos, que foi submetida, com sucesso, a testes cognitivos intensivos que revelaram que está ao nível, ou melhor, a pessoas entre os 50 e os 60 anos de idade. Um dos requisitos é recordar-se de acontecimentos da vida quotidiana e experiências pessoais passadas. E noutros testes cognitivos só precisam de ter um desempenho médio. São fisicamente ativos, positivos e muito sociais. Os seus cérebros são desafiados todos os dias, a ler ou a aprender, e muitos continuam a trabalhar até aos 80 anos. Constatou-se que os cérebros dos SuperAger têm muito mais neurónios Von Economo, um tipo raro de células cerebrais que, acreditam os especialistas, permitem uma comunicação rápida. Um estudo constatou que os cérebros dos SuperAger apresentam 3 vezes menos emaranhados de proteínas Tau, formações anormais dentro das células nervosas, do que cérebros cognitivamente saudáveis.