“Toda a gente quer pacificar os jovens todos” – Telmo Mourinho Baptista.
Antes dizia-se que um menino que andava aos saltos o tempo todo tinha o “bicho carpinteiro”, hoje tem uma “perturbação de hiperatividade e défice de atenção”. Dos muito quadros novos da 4ª versão da DSM (DSM IV – 1994) – classificação americana das doenças mentais, destaca-se o Défice de Atenção (DA). Assistiu-se a uma explosão do número de diagnósticos, com as consequentes medicações e os respetivos lucros para a indústria farmacêutica. Em 2005 o Instituto de Inteligência do Porto (ITP) realizou um estudo envolvendo 500 crianças com PHDA e concluiu que em 57% dos casos a causa desta doença estava diretamente relacionada com o estilo de vida familiar; e em 33% com o stress; crianças que raramente estão com os pais, com problemas no relacionamento com outras e com pouco tempo para brincar são mais suscetíveis à PHDA. O relatório da Direção Geral da Saúde em 2014 dizia que as crianças portuguesas até aos 14 anos consumiram mais de cinco milhões de doses de netilfenidato (Ritalina, Concentra e Rubifen) para situações de hiperatividade e défice de atenção. É mais fácil dar um comprimido do que fazer uma intervenção psicológica, como preconiza o Colégio Americano de Pediatria. A energia, a impulsividade, a irreverência e o direito a serem ouvidos, abraçados e acompanhados, para poderem ser felizes, é-lhes retirado pela Ritalina. Esta droga terá a médio e a longo prazo consequências graves! Em duas voltas a Portugal (1969 e 1973) Joaquim Agostinho foi desclassificado porque foi detetado o consumo de Ritalina, que nessa altura era tolerada em França e proibida em Portugal.
“Miúdos que parecem ligados à corrente”, Bernardo Mendonça, in Revista Única, “Expresso”, 7/11/2009.
“Vamos ser todos pré-doentes mentais?”, José Gameiro, psiquiatra, crónica “Há vida para além da crise”, “Expresso”, Revista 26/01/2013.